Colaborando

Você também pode estar colaborando com as crônicas, basta comentar o ultimo post falando sobre qual tema você gostaria que eu ler.
E também você pode acabar fazendo parte da crônica, basta um comentário dizendo:


"Me coloca na crônica!" ou "Faz eu aparecer nem que seja para morrer."


Então espero a colaboração de vocês, um abraço.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

O Guitarrista

Eu estava sentado na platéia de um talk show onde uma banda de Jones músicos se preparava para se apresentar, eu estava bem interessado em sua apresentação.
Então o ambiente ficou mais escuro e comecei a ouvir o som de uma guitarra solitária, a musica era muito familiar, parecia muito com Smell Like Tenn Spirits do Nirvana, um holofote então parecia procurar o jovem guitarrista como se ele não devesse estar ali, subitamente um homem aparentando seus trinta e seis anos, cabelos lisos e curtos, a barba por fazer e vestes esportivas entrou no palco andando na direção do Contrabaixo.
O holofote quando o encontrou não saiu de cima dele, enquanto isso nosso guitarrista misterioso continuava com sua melodia agitada, tocante, vibrante, porém, aparentemente sem controle, como se algo dentro dele estivesse gritando querendo sair.
O homem então começou a dedilhar seu contrabaixo acompanhando o jovem guitarrista, mas ao mesmo tempo parecia estar tentando conter o ritmo desordenado da música.
Suas batidas nas cordas eram firmes e imponentes, soava como uma advertência de um professor severo e ao mesmo tempo mostrava respeito e carinho de um irmão.
Depois de alguns segundos os dois instrumentos já estavam soando na mesma freqüência, quando então um jovem sobe ao palco, vestindo roupas agressivas, calça jeans rasgadas, um coturno preto com detalhes em metal, sua camisa preta desbotada com a imagem de uma banda que eu não soube distinguir qual era, seus olhos focados em seu instrumento do outro lado do palco, com um par de baquetas pretas em suas mãos.
Ele sentou e logo começou a tocar de uma maneira totalmente doida, toda e qualquer batida que ele dava com suas baquetas soava como se ele tivesse batido duas vezes no mesmo local, parecia até que haviam colocado a bateria em um dalay, mas ao prestar mais atenção em seus movimentos, percebi que ele realmente estava fazendo aquilo, e ainda assim ele conseguia se manter no ritmo da música.
Parando então para analisar melhor o momento, o baterista parecia também estar agindo sobre nosso guitarrista misterioso, as suas batidas pareciam fazer nosso guitarrista tremer por dentro, às vezes parecia que eu podia vê-lo dobrar os joelhos ao ponto de quase cair desmaiado, mas então o som do nosso contrabaixista o mantinha firme de pé e no ritmo.
Era perceptível a troca de olhares apreensivos entre os dois músicos no palco, como se soubessem exatamente o que estavam fazendo, mas ao mesmo tempo tinham medo de tudo aquilo, então um sinal e o nosso baterista começou a cantar, mas não havia microfone para ele, fazendo assim com que não escutássemos a canção, parecia ser algo extremamente forte, reconfortante e misterioso.
Movimentei-me então para chegar mais perto do palco para tentar escutar a letra da música que passou a me interessar muito, mas estava difícil se aproximar do palco.
E aquela musica soava em meu peito como se eu já tivesse escutado antes.
Quando cheguei finalmente ao lado do palco algo parecia estar errado, o nosso baterista estava com um olhar preocupado, percebi então que o som da guitarra estava voltando a ficar em um ritmo descontrolado, mais forte e agressivo, o nosso contrabaixista parecia não estar conseguindo controlar a musica.


Percebi o baterista errar, nesse momento ele parou de movimentar suas baquetas tentando encontrar o ritmo só co o movimento de seu pé controlando o chimbal, parecia estar dando certo, mas seu olhar ainda preocupado começou então a girar as baquetas em sua mão, em um súbito movimento parou o giro das baquetas e partiu para um repique na bateria para voltar a musica, mas em sua quarta batida parecia que o som de nosso guitarrista tivesse o expulsado da música fazendo-o errar, e novamente voltar ao ritmo apenas com o chibal.
Aquela cena se repetiu por mais umas duas vezes, era como se ele tentasse passar por uma barreira que o empurrava para longe.
Ele estava já com um olhar desanimado quando então girando suas baquetas, fechou os olhos se concentrando no som, mas não só no som, ele parecia estar sentindo os sentimentos vindos daquela musica.
Esboçou então um sorriso e partiu para uma tentativa definitiva de se estabelecer na musica, desta vez enquanto o som da guitarra parecia desesperadamente o colocar para fora mais uma vez, seus olhos cheios de confiança e seriedade, pareciam prever cada som, cada solo, cada harmônico e pausa conseguindo então mais uma vez entrar na música.
O contrabaixista também sorrindo, conseguira novamente controlar a música.
Então nosso baterista voltou a cantar, mas os sons dos instrumentos encobriam a voz dele, tirando assim todas as minhas chances de apreciar aquela canção.
No fim houve a pausa dos instrumentos e pude ouvir o baterista finalizando com a frase.
“O som do sentimento.”
Os dois músicos saíram do palco antes mesmo dos aplausos, mas eles estavam visivelmente felizes com o que tinham acabado de fazer.
Então acordei com meu nariz irritado, e com frio em meus pés.

2 comentários:

  1. nossa, muito foda, essa!
    dá pra sacar o "feeling"...
    muito bom, msm!

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  2. Noooossa! Eu queria sonhar assim tb! Ótimo texto, baita descrição! Tô seguindo o blog =*

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